quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Os Banana Splits


       Produzido pela Hanna Barbera em 1968, "Os Banana Splits" foi o primeiro show em live-action do estúdio, que já era famoso pelas suas produções animadas de grande sucesso; o cenário era bem simples, imitando uma casa com um visual maluco e pra lá de psicodélico em que os móveis nada mais eram que desenhos no próprio cenário e os protagonistas eram um quarteto musical formado por quatro atores fantasiados de animais: um cachorrão engravatado e que vivia com a língua para fora que se chamava Swingo (Fleegle, no original, que era o líder da banda), um gorila muito parecido com o cantor Stevie Wonder que se chamava Bingo, um leão de óculos escuros, que tinha a boca costurada e um enorme nariz vermelho parecido com o de um palhaço, que se chamava Drooper e um elefantinho peludo e com bolinhas cor de rosa nas orelhas que se chamava Snorky.


Swingo, o atrapalhado líder da banda, que tocava guitarra


O Gorila Bingo, baterista da banda


o leão Drooper, baixista da banda


Swingo, Drooper e o elefantinho Snorky, o único que não falava e tocava teclado com a tromba (comunicava-se emitindo de sua tromba um som parecido com o de uma buzina)

       Cada show começava com uma reunião do "Clube Banana Split", que tinha início com Swingo batendo seu martelo de borracha sobre uma mesa e pedindo silêncio, daí eles abordavam os assuntos mais sem pé e nem cabeça que se pode imaginar; e o programa era cheio de outros quadros, como "A Hora da Charada" (em que Swingo fazia uma pergunta do tipo: "o que é, o que é... é amarela, deliciosa e brilha no escuro?" e Bingo respondia: "Uma banana elétrica!"), "Querido Drooper" (nesse quadro, ao lado de Bingo, Drooper respondia à perguntas tolas ao ler as cartas mandadas por expectadores imaginários, por exemplo: "Querido Drooper, se eu fizer uma boa ratoeira, farei um grande sucesso? Assinado, Inventor...", e Drooper respondia: "Caro Inventor, você fará sucesso a não ser que alguém invente um rato melhor!") e "Drooper, ponha o lixo fora!" (nesse quadro, Drooper colocava o lixo dentro de um latão que parecia ter vida própria ou ter algum tipo de criatura dentro de si, porque o lixo sempre era atirado novamente na cara do Drooper), mas o ponto alto do show eram os clipes musicais do conjunto, que apresentava ao público canções belíssimas em contraste com as trapalhadas no grupo durante os clipes, que podiam se passar em parques de diversões no meio de uma porção de crianças ou em cenários animados nos quais os Banana Splits eram introduzidos, naquele antigo processo de animação que consistia em misturar animação com atores de carne e osso; esses clipes tinham um visual realmente psicodélico, bem de acordo com a época, e eram lotados daqueles efeitos parecidos com os de um caleidoscópio, fazendo lembrar as antigas discotecas; as canções do grupo fizeram um enorme sucesso (duas que se destacam são "Wait Till Tomorrow" e "We're the Banana Splits") e foram lançados mais de um LP nos Estados Unidos.


aqui, tem início a reunião do "Clube Banana Split"...


...aqui vemos Swingo e Bingo tratando dos assuntos da reunião do clube...


... e o "troféu de caça" que enfeitava a residência dos Banana Splits era a cabeça falante de um jumento, que conversava com o grupo e morria de rir das trapalhadas do quarteto

       Os maiores "rivais" dos Banana Splits eram um conjunto musical formado por quatro garotinhas conhecidas como "Uvas Azedas"; vez por outra elas apareciam na casa dos Bananas para levarem um "presente" para o grupo, mas esses "presentinhos" geralmente eram "caixinhas de surpresas" que, quando eram abertas, davam socos da cara de um dos Bananas ou outros "agrados" desse mesmo tipo.


aqui vemos uma das "Uvas Azedas" levando um "presentinho" para os Banana Splits

       Com a estreia do show nos EUA em setembro de 1968, outras três atrações inéditas também tiveram sua estreia como segmentos do show: dois novos desenhos animados ("Os Cavaleiros da Arábia" e "Os Três Mosqueteiros") e uma série com atores de carne e osso intitulada "A Ilha do Perigo".


"Os Cavaleiros da Arábia" foi o segundo desenho da Hanna Barbera que teve como tema o mundo encantado das 1001 noites

       Em "Os Cavaleiros da Arábia", a história começa quando a antiga cidade de Baghdad é invadida pelo tirano mongol Bakhar e seu exército, liderado pelo perverso Vangore; o jovem Príncipe Turhan, mestre em acrobacias, tem seu trono usurpado e precisa fugir para não ser assassinado; durante a fuga, Turhan é salvo por um mágico gorducho chamado Farik, que transforma os dois em fumaça por alguns segundos ao dizer as palavras mágicas "Hozan Kobar!", assim eles conseguem passar através de uma fresta que os leva até o porão de sua casa; lá, Farik usa sua mágica para transformar uma mesa comum em uma "mesa voadora" e os dois fogem para o interior de uma caverna, onde são atacados por um sujeito mal-encarado, grandalhão e super forte chamado Raseem, que não gostou nem um pouco de ter sua caverna invadida; mas ao perceber que Turhan e Farik estavam fugindo do exército de Bakhar, Raseem faz amizade com a dupla e concorda em levá-los para a cidade de El-Gabal, onde a jovem Princesa Nida, prima de Turhan, era mantida prisioneira; o trio viaja para El-Gabal montado nas costas de Zazum, o pequeno burrinho de estimação de Raseem que tinha uma arma secreta: se alguém puxasse sua cauda, ele ficaria descontrolado, sairia dando fortes coices para todos os lados e depois se transformaria em um furacão, destruindo tudo a sua volta; chegando a El-Gabal, Turhan e os outros conseguem salvar Nida, que é mestre em disfarces e os usa para enganar os soldados do exército de Vangore; durante a confusão, o grupo se vê encurralado, mas são salvos por outro mágico chamado Bez, que tem o poder de se transformar em qualquer animal; dizendo a frase "Do tamanho de um elefante!", Bez se transforma em um enorme elefante e foge transportando Turhan, Nida, Farik e Raseem em suas costas, "atropelando" vários soldados de uma só vez; Zazum é apanhado, mas quando um dos soldados puxa sua cauda, ele se transforma em um furacão, derruba o restante do exército e também consegue fugir; longe dali, no interior de uma caverna, Turhan, Nida, Farik, Bez e Raseem fazem um juramento de fidelidade, comprometendo-se a livrar Baghdad do tirano Bakhar e daí por diante eles ficam conhecidos como "Os Cavaleiros da Arábia". O desenho fez um enorme sucesso e deixou muita saudade.


cena do primeiro episódio em que Raseem, Farik, Nida, Turhan e Bez percebem que cada um deles é dotado de habilidades diferentes, decidindo assim formarem um grupo para combater as forças do mal; a cena termina com todos eles unindo as mãos e o pequeno burrinho Zazum colocando sua patinha por cima

       O segundo desenho que estreou como segmento dos Banana Splits foi uma versão animada do clássico da literatura francesa "Os Três Mosqueteiros", protagonizado pelos quatro espadachins franceses D'Artagnan (o mais jovem do grupo e o único que não possuía barba), Athos (de barba e cabelos loiros, que era mestre em criar armadilhas), Porthos (de barba e cabelos ruivos, era o maior e também o mais forte do grupo) e Aramis (de barba e cabelos pretos, que sabia realizar truques de mágica), que lutavam contra os inimigos da coroa para protegerem o rei e a rainha da França; o desenho era muito "certinho" e não combinava muito com o estilo dos Bananas, mas o humor da série ficava por conta de Toulie, um garotinho loiro que era sobrinho de uma jovem criada da rainha chamada Lady Constance e vivia querendo bancar o herói, sempre se metendo em todo tipo de encrenca; Toulie usava um uniforme parecido com o dos Mosqueteiros, vivia com uma espada de madeira na mão e seu maior sonho era ser aceito entre os Mosqueteiros; tinha principalmente em D'Artagnan seu grande ídolo mas ficava furioso quando os Mosqueteiros o levavam na brincadeira e diziam que ele ainda era muito jovem para se tornar um Mosqueteiro. Uma curiosidade era que o título do desenho era "Os Três Mosqueteiros", mas havia quatro Mosqueteiros e não três.


os Mosqueteiros D'Artagnan, Athos, Porthos e Aramis...


...e aqui vemos a Lady Constance com seu endiabrado sobrinho Toulie


cena do primeiro episódio da série "A Ilha do Perigo"

       Finalmente, o terceiro segmento do show foi uma série totalmente em live-action (a primeira de apenas duas que a Hanna Barbera produziu nesse estilo, a outra foi "Korg e o Mundo Misterioso" de 1974), filmada no México e dirigida por ninguém menos que o então iniciante Richard Donner, que mais tarde viria a dirigir "filmões" como "Superman" e "Máquina Mortífera"; a história começa quando um arqueólogo chamado Dr. Irwin Hayden (interpretado pelo ator Frank Aletter da série de TV "Os Astronautas/It's About Time") está em uma pequena embarcação rumo a uma misteriosa ilha conhecida como Tubânia, na companhia de sua filha Leslie (interpretada pela atriz Ronnie Troup) e de seu jovem assistente Link Simmons, interpretado pelo ator Jean-Michael Vincent, que mais tarde protagonizou a famosa série "Águia de Fogo"; o primeiro episódio começa com Link e Leslie, em trajes de mergulho, encontrando uma porção de tesouros no fundo do oceano, enquanto o Dr. Hayden se preocupava mais em encontrar a ilha de Tubânia por ter esperanças de reencontrar seu irmão, que havia desaparecido durante uma viagem até essa ilha; prestes a chegarem em Tubânia, a embarcação é invadida por um bando de piratas liderados pelo perverso Mu-Tan (interpretado pelo ator Victor Eberg), que tomam o tesouro para eles e passam a manter Leslie e o Dr. Hayden como prisioneiros, enquanto Link consegue fugir e nada até a ilha de Tubânia, onde faz amizade com dois marinheiros náufragos que há tempos viviam naquela ilha: um homem robusto e grande conhecedor dos segredos da ilha que se chamava Morgan (interpretado pelo ator afro-americano Rockne Tarkington) e seu fiel amigo Chongo (interpretado pelo ator de origem havaiana Kim Kahana), um sujeito atrapalhado que tinha a agilidade de um macaco e não sabia falar, apenas se comunicava imitando os sons dos diferentes animais da ilha (a parte cômica da série ficava por conta desse personagem).


aqui, o Dr. Hayden e Leslie são abordados pelo bando de piratas liderados pelo perverso Mu-Tan

       No decorrer dos episódios, Link, Morgan e Chongo conseguem resgatar o Dr. Hayden e Leslie e levá-los até a ilha, mas além de precisarem lutar contra os piratas, também se vêem às voltas com uma perigosa tribo de índios canibais conhecida como "Os Homens-Esqueletos", além de terem que enfrentar terremotos e outros perigos da ilha; no final da série, o Dr. Hayden fracassa em sua missão quando descobre que seu irmão já estava morto há tempos e retorna ao continente com Link e Leslie, mas Morgan e Chongo dizem não fazerem mais parte da civilização e optam por permanecerem na ilha; cada episódio durava em torno de cinco minutos e dois deles eram exibidos em cada show dos Banana Splits. Para que a série ficasse bem de acordo com o público infantil e adolescente, as brigas começavam sérias mas terminavam em pastelão.


Chongo, Leslie, Link e Morgan em mais uma cena da série "A Ilha do Perigo"

       Cada show original dos Banana Splits tinha aproximadamente 45 minutos de duração e cada um deles exibia um episódio dos "Cavaleiros da Arábia", um dos "Três Mosqueteiros" (cada desenho tinha dez minutos de duração) e dois episódios da "Ilha do Perigo", além dos diversos quadros com os próprios Banana Splits e dos dois clipes musicais do conjunto que eram exibidos em cada show, entre um segmento e outro. Vez por outra, aparecia de surpresa em um dos shows um outro desenho chamado "Microaventuras", um desenho que tinha apenas cinco minutos de duração e trazia as aventuras de um cientista chamado Professor Carter com seu casal de filhos adolescentes, Mike e Jill; o Professor Carter possuía no quintal de sua casa um aparelho que ele chamava de "Micro-Redutor", que lhes permitia encolher até ficarem do tamanho de um inseto, assim eles viviam diferentes aventuras a bordo de um pequeno jipe; foram produzidos apenas quatro episódios desse desenho, e apenas em quatro shows dos Banana Splits eles foram exibidos no lugar de um dos clipes musicais dos Bananas; no primeiro episódio eles visitam um formigueiro, no segundo eles estão no deserto com a missão de encontrarem um microchip para o governo, no terceiro eles vivem uma aventura no quintal de sua própria casa que torna-se uma verdadeira "selva" para eles, para que Jill pudesse fazer uma pesquisa escolar sobre entomologia, e no último eles vão até um pântano para estudar a vida e o comportamento das rãs.


de todos os desenhos da Hanna Barbera, "Microaventuras" foi o que teve o menor número de episódios produzidos

       No Brasil, o show estreou pela TV Tupi em 1970 mas em 1972 mudou-se para a TV Bandeirantes, que exibiu o show nas tardes de sábado até 1984, quando o mesmo foi cancelado devido à estreia do programa "Clube do Bolinha", que passou a ocupar todas as tardes de sábado da emissora. Em 1986, a TV Bandeirantes voltou a exibir apenas os desenhos "Os Cavaleiros da Arábia" e "Os Três Mosqueteiros" como atrações do programa infantil TV Criança; na década de 90, o canal a cabo Cartoon Network reexibiu o show, porém com uma abertura editada, diferente da original e cada show também foi editado em dois shows diferentes de 20 minutos cada, assim os de número ímpar continham um episódio dos "Cavaleiros" e os de número par continham um episódio dos "Mosqueteiros", passando a haver apenas um episódio da "Ilha do Perigo" e um clipe musical em cada show; o show foi ao ar pela última vez no Brasil pelo antigo canal a cabo Boomerang por volta de 2003, mas reapareceu completamente fora de ordem e os episódios da "Ilha do Perigo" não foram exibidos. A dublagem em português ficou por conta do estúdio carioca TV Cinesom.

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